quinta-feira, 7 de junho de 2012

IPv6: a próxima geração da internet já começou


Anote a data: dia 06 de junho de 2012 será lembrado como um marco histórico da internet, mas que poucos ficaram sabendo. Para substituir o IPv4, a web adotou o protocolo IPv6 na tarde desta quarta-feira, uma mudança que altera profundamente a maneira como usamos a internet. Os efeitos, no entanto, não serão "visíveis" aos usuários, mas esses novos componentes serão notados nas primeiras horas de uso após a atualização.

A partir das 21h01 de hoje (horário de Brasília), o número mundial de IPs vai crescer em quantidades absurdas: atualmente, são 4 bilhões de IPs (cada um diz respeito ao lugar ocupado por um dispositivo conectado na grande rede), que devem se expandir para milhões de milhões. Para se ter ideia, são 340 milhões seguidos de 36 zeros, uma conta que, apesar de complicada, representa um passo importante para o crescimento da internet na população mundial.

Segundo o CNET, algumas empresas se comprometeram a fazer o uso dos serviços de IPv6 em seu lançamento, entre elas Google (Gmail e YouTube), Facebook, Microsoft (Bing) e Yahoo!, provedores de acesso, como Comcast e AT&T, dos Estados Unidos, Free, da França, e fabricantes de equipamentos de redes, como Cisco e D-Link. Todas estas empresas já fazem o compartilhamento de conteúdo em suas respectivas páginas usando o novo modelo de IP.

O que é?

O World IPv6 Launch (na tradução, "Lançamento mundial do IPv6) é uma iniciativa da organização Internet Society para tornar a nova versão o padrão do mercado. "Percebemos a adesão ao IPv6 como fundamental para o bom fluxo de desenvolvimento da internet", afirma Juliano Primavesi, Diretor da KingHost, uma das organizações líderes em hospedagem web. "Os endereços livres no IPv4 estão acabando e pode ocorrer uma situação crítica sem um esforço coletivo para a implementação definitiva da versão 6 do protocolo IP".

Por quê a mudança?

O IPv6 foi lançado com o objetivo de fornecer mais endereços e, assim, promover o crescimento da internet. O aumento no uso de computadores, tablets, telefones e demais aparelhos eletrônicos ou sistemas (como carros, robôs e eletrodomésticos) que já estão ou ainda estarão conectados online tornou necessária a criação do novo IPv6, em substituição ao IPv4 (a quarta versão do protocolo) que estava com conexões esgotadas.
 
O modelo 4 foi criado nos anos 70 e oficialmente esgotado em 03 de fevereiro de 2011. Nessa data, a Icann (a instituição global reguladora desses endereços) informou que concedeu os últimos cinco lotes da reserva de IPs para identificar os dispositivos na web. Vale lembrar, porém, que o IPv4 ainda não vai desaparecer por completo; o novo IPv6 vai coexistir com a versão 4 até que a transição do velho para o atual esteja completa, o que levará alguns anos.
 
Outro detalhe é que, mesmo com a migração de um modelo para outro, o novo IPv6 pode não trazer melhorias significativas num primeiro momento, e alguns usuários poderão receber seus dados da rede com um pouco de atrasos. Contudo, para especialistas, isso não é grade e nem duradouro. Para Leo Vegoda, da Icaan, "a maior parte dos usuários não deverá perceber nada". Já Jason Livingood, vice-presidente de sistemas de internet da Comcast, um dos maiores provedores dos Estados Unidos, afirma que "mantemos nossa promessa de uma transição sem tropeços para o IPv6", segundo a agência de notícias France Presse.

Aparelhos com IPv6

Alguns estudos já fazem previsões do impacto causado pelo novo protocolo de IP. A Cisco, por exemplo, projeta que, em 2016, 8 bilhões de dispositivos fixos e móveis terão capacidade para suportar o IPv6 - um crescimento de 7 bilhões de pessoas em relação a 2011. Ainda no ano de 2016, 45% da população mundial deverá estar conectada à internet, quadruplicando o tamanho atual da rede global. Isso representará mais de um bilhão de GB por ano (1,3 zetabytes).

Esse aumento se dará por cinco motivos: adesão de produtos eletrônicos conectados, mais usuários de internet, maior velocidade de banda larga, mais vídeo e a expansão do Wi-Fi. Além disso, a Ericsson afirma que, em 2017, 85% da população mundial terá cobertura de rede móvel de alta velocidade, com 50% de cobertura 4G (LTE), e que o tráfego mundial de dados cresça 15 vezes até o final de 2017.

No Brasil

O NIC.br tem coordenado os esforços de implantação do IPv6 no Brasil desde 2008. No ano passado, durante 24 horas, empresas de internet como Google, Facebook, Yahoo!, Terra e UOL se submeteram a um teste global do uso do novo protocolo, o World IPv6 Day, que ficou conhecido como o maior e mais importante teste de funcionamento do IPv6. As companhias ativaram o novo modelo em seus sites para detectar possíveis problemas e testar o funcionamento do serviço, e os resultados foram bastante positivos.

Em seguida, a Campus Party Brasil, realizada entre os dias 06 e 12 de fevereiro deste ano em São Paulo, foi o palco de um novo teste. Com o apoio da Internet Society e do Registro Regional de IPs da América Latina e Caribe (LACNIC), a "Semana IPv6" contou com 196 sites, 21 provedores de acesso, e nove datacenters e provedores de hospedagem. Todas essas ferramentas, em conjunto, ativaram o IPv6 em um grande teste regional muito bem sucedido, e muitos provedores decidiram manter o novo protocolo ativo (Terra, UOL e Globo).

A Sociedade da Internet no Brasil, entidade que representa a Internet Society no país, fará uma série de palestras para explicar a importância do IPv6, com eventos nas cidades de São Paulo, Salvador, Fortaleza de Jundiaí. Mais informações podem ser obtidas no site oficial World IPv6 Launch.org e na página da Sociedade da Internet no Brasil.

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